ASCESE

Ascese é a viagem do conhecimento interior. A minha viagem pelo cone sul (Sul do Brasil,Uruguai,Argentina e Chile até o deserto do Atacama)

A trilha sonora da viagem. Cliquem para ouvir.

My Way

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

27, 28 e 29 Perspectiva de Final Digno

27/28 e 29 de janeiro



27/01/2010

Perder-se na linguagem da vida pode significar achar-se. Saí de Villa Ángela (espanhol com um acento fortíssimo, algo como Vija Ranrela) cedo para os meus padrões, 8,30 da manhã, tinha a intenção de tocar direto até Foz do Iguaçu. Logo após retornar os quase 100 km para pegar a Ruta 12 que me levaria ao Brasil, senti a moto balançar um pouco, pensei com os meus botões que podiam ser os frisos do asfalto. Alguns quilômetros depois a poderosa começou a dançar e fazer um barulho horrível de metal e borracha rangendo, até parecia um choro. Vocês não são capazes de adivinhar o que aconteceu, o céu a princípio claro trouxe nuvens escuras e com elas a chuva. Nesse momento já vinha pela estrada a uns 20 km por hora. Me abriguei na casa de um lavrador na beira da estrada e 15 minutos depois a chuva passou. Continuei devagar até um lugar chamado Itabaté (Pedra Alta em Guarani). Lá perguntei por um mecânico sobre o qual haviam me informado (Não havia outra solução já que estava a 600 km de Foz). Como não encontrei fui para um Hotel chamado Pedra Alta, especializado em pesca, uma vez que a cidade esta “ubicada” às margens do Rio Paraná e tem sua economia baseada nessa atividade.

No hotel fui recebido pelo dono Coco e sua esposa. Dono ligou para o mecânico que ficou de aparecer as 8:30 e só acabou por chegar às 11 horas da noite. Atraso bem alvissareiro, vocês não acham? Bem, levei a moto para a oficina do cara que se dispôs a trocar o rolamento da roda traseira. Resumindo a história o Argentino, muy amigo, como vocês verão a seguir me devolveu a moto no dia seguinte lá pelas 12:30 o que me permitiu sair em direção a Foz lá pelas 13 horas. O “mecânico” literalmente me esfaqueou, me cobrou alguma coisa em torno de R$ 700,00 pelo “reparo”.


Hotel em Itabaté


Rio Paraná

28/01/2010

Continuei viagem, mas sentia que a moto não rendia bem e vibrava um pouco. Apesar disso a viagem rendeu bastante bem até que......Quando faltavam aproximadamente 30 km para chegar em Foz, já noite, a moto dançou violentamente e começou a chorar de novo. Aos trancos e barrancos toquei em frente a 20 km por hora até encontrar um posto da polícia Argentina. Os policiais foram muito amáveis e como não havia outra solução deixei a moto aos cuidados dos guardas e fui de táxi, que eles chamaram para mim para Foz do Iguaçu, onde o meu celular falaria.


Com os policiais Argentinos

 A propósito, a primeira coisa que farei quando chegar a Belo Horizonte será trocar de operadora, foi a segunda viagem internacional que a VIVO me deixou na mão com o roaming.

O táxi não ficou caro, algo em torno de R$ 50,00 e me deixou num hotel razoável, mas barato, onde estou agora.

Do hotel liguei para o seguro para ver se havia jeito de “guinchar” a poderosa do posto policial até Foz, não houve. Dormi muito mal a noite, ou melhor quase não dormi. Estava triste e abatido imaginado que essa quase epopéia iria terminar de forma melancólica, com a poderosa seguindo de caminhão para BH e eu de avião, fora os gastos que isso acarretaria, algo em torno de R$ 4000,00.

Afinal porque iniciei a narrativa dizendo que perder-se pode significar achar-se?

Pensem comigo, se não tivesse me perdido a moto teria se estragado a 500 km de Foz do Iguaçú e, o que é pior a noite. Apesar dos pesares consegui chegar muito perto com segurança.

29/01/2010

Acordei cedo, bastante sonado pela noite mal dormida, e liguei novamente parra o seguro. A solução seria eu pagar um guincho do meu bolso para trazer a moto do posto policial até a fronteira, de lá eles providenciariam outro parra levar até a cidade. Quando entrei no táxi, lembrei que perguntara a uns motoqueiros na cidade sobre algum mecânico que trabalhasse com motos grandes, ele me indicaram um lugar, resolvi tentar, e fui de táxi até o lugar, o cara não podia me socorrer, estava sem caminhonete e me indicou outro, fui até lá e o sujeito não podia fazer nada, uma vez que estava com a oficina lotada, mas me indicou a revenda Suzuki aqui da cidade. Nesse meio termo liguei para a HD em Belo Horizonte e o Roberto me tranqüilizou em relação a garantia da moto, não a perderia. Renovaram-se as esperanças e apareceu a luz no fim do túnel. A Daytona Motos apesar de ser uma revenda Suzuki tem uma oficina multi-marcas e estão habituados a trabalhar com “poderosas”. Fui recebido com muita presteza e amabiliddade pelo Misael e pelo Marcos, que imediatamente disponibilizaram um veículo da empresa, no qual seguimos para buscar a poderosa. Como sempre, mesmo com defeito a moto causa muita curiosidade e admiração, da mesma forma que na noite anterior, perguntaram muito e tiraram fotos. O pessoal da Daytona ficou de me entregar a moto amanhã cedo, pronta. Espero que possa seguir viagem para terminar essa ascese de forma honrosa.

Tudo resolvido, lá pelo meio dia almocei num self-service de um super-mercado na esquina do hotel e comi feijão pela primeira vez depois de quase trinta dias. Depois do almoço segui de táxi para Ciudad Del Leste, mais para fazer um passeio socrático do que para compras em si. O calor aqui na região está infernal, quase atingindo os 40 graus, agora imaginem com esse calor no meio do mercado persa misturado com camelódromo que é a área de compras de Ciudad Del Leste.

Fiquei por lá até lá pelas 15:30 e não agüentei mais de calor e de irritação com o lugar, voltei para o hotel para uma merecida ciesta, após a qual iniciei esse relato.

Estou muito esperançoso de que possa partir amanhã para dar um final digno a essa ascese. Meu carinho e minha gratidão a todos, não se esqueçam de mim!

Ps: Cássia, não poderei estar presente ao seu bota-fora no Varandão do Bola, mas você sabe que desejo a você toda a sorte, sucesso e felicidade do mundo. Estarei sempre torcendo por você. Que te vaias bien!

Ps1: Jujú, procurei seus joguinhos aqui Happy City e Era do Gelo 3, mas não encontrei nada. Um beijão do tio.

2 comentários:

  1. Morgan, meu velho,

    Com certeza tudo dará certo. Estou aqui, torcendo por você A sua viagem não pode terminar numa poltrona de avião, até porque você estranharia bastante. Em tempo: a agência nova está quase pronta. Acredito que até o final da próxima semana já poderei me instalar. E o nome escolhido você ainda não conhece: Mundi! Êta mundi danado de grandi!Precisamos desbravá-lo! Grande abraço! Sérgio

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  2. Caduco,
    Vc num consegue cumprir um prazo, né? já tá arrumano desculpa pro seu atraso. Tá culpando seus hermanos!
    Vê se volta tranqs...
    se a moto ficar só 90% volta de busão de sacoleiro que vc continua com os causos pra contar..
    além do mais o busão de sacoleiro tem uma vantagem:
    tem lugar pro cê KH!

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