ASCESE

Ascese é a viagem do conhecimento interior. A minha viagem pelo cone sul (Sul do Brasil,Uruguai,Argentina e Chile até o deserto do Atacama)

A trilha sonora da viagem. Cliquem para ouvir.

My Way

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

30,31 e 01/02 - A Caminho de Casa

Minhas desculpas pela demora na atualização do Blog. Estou escrevendo de casa. Cheguei dia 01/02/2010 por volta das 19 horas. É preciso finalizar a viagem e fazer os devidos agradecimentos a todos que de uma forma ou de outra estiveram presentes na minha vida nesse período.



30/01/2010


A moto ficou pronta pela manhã, me foi entregue pelo pessoal da Daytona novinha em folha, inclusive lavada. Não tenho como agradecer a eficiência e a gentileza com que fui tratado e a maneira como resolveram prontamente algo que se anunciava como um grande problema, a um preço incrivelmente justo R$ 240,00.


Fachada da Daytona Motos


Esse Viajante e Misael


AVISO AOS NAVEGANTES: TODOS AQUELES VIAJANTES DE MOTOCICLETA, QUALQUER QUE SEJA A MARCA, ENCONTRARÃO NA DAYTONA MOTOS DE FOZ DO IGUAÇU UM PORTO SEGURO E SERVIÇOS DE PRIMEIRA. AQUELES QUE ESTIVEREM DE VIAGEM POR AQUELAS BANDAS PODEM RECORRER COM SEGURANÇA A AQUELES GRANDES PROFISSIONAIS E SERES HUMANOS. Av. Juscelino Kubitscheck, 39 – Centro – Foz do Iguaçu – Paraná – Fone 45-3523-01219


Quando estava me preparando para sair de Foz, lá pelas 13 horas, apareceu o Isaú numa Harley Fat Boy e me convidou para dar uma passada no encontro do Pico Moto Clube lá da cidade. O resultado da passada, churrasco vai, churrasco vem, um bom bate-papo e a gentileza de ter sido presenteado com duas bandanas do grupo, peças essa que me foram muito úteis, uma vez que tinha perdido a minha pelo caminho e estava improvisando com um lenço para evitar suar diretamente no capacete.


O pessoal do Grupo Pico
Com o coração grato e aliviado, deixei Foz do Iguaçu em direção a Maringá lá pelas 14 horas, onde cheguei lá pelas 19 horas.


Viagem sem novidades, tranqüila, jantei e dormi para no dia seguinte seguir para Sertãozinho onde encontraria o Millani e família.


31/01/2010 – O carinho familiar.


Se vocês se lembram, essa viagem começo com um grande depósito na minha caderneta de carinho lá em Oliveira pela família do Derlany e do Amauri e da Walda em São paulo, coincidência (que não existem) ou não terminou com outro grande depósito da família do Milani lá em Sertãozinho.


Saí por volta das 11:30 de Maringá e segui direto para Sertãozinho, mais uma vez uma viagem sem novidades e tranqüila. Fui recebido na casa do Milani, por ele, sua esposa Marluz, suas cinco filhas (o homem não brinca em serviço) neto e agregados, com churrasco, cerveja, boa pinga e ótima conversa. É muito bom encontrar pessoas as quais se pode admirar e respeitar. Minha gratidão ao Milani e família pelo carinho dedicado a esse viajante solitário. Foi uma sena de carinho. Lá pelas 23 horas fui para o hotel que tinha rteservado para mim e apaguei (já meio bêbado...rss). No dia seguinte segui viagem para casa era o último trecho dessa ascese.


Milani e Família


01/02/2010


Sai de Sertãozinho lá pelas 11 horas e segui direto para casa em BH. Viagem tranqüila apesar do trânsito infernal a partir de Itaúna até Belo Horizonte, onde cheguei lá pelas 19 horas.
Esse Viajante na porta de casa na chegada


No total viajei 10.212 km em 30 dias, passando 4 países (contando o Paraguai). É impossível descrever ou traduzir em palavras o que senti durante a viagem e o que sinto agora. O mais importante de tudo é que a minha fé e o meu respeito pelo ser humano, que já era grande, se renovou e se tornou quase absoluta, sem falar na fé na vida. A todo momento estava cuidado, protegido e sempre fui muito bem tratado em todos os lugares por onde passei e por todas as pessoas com as quais tive contato. Minha gratidão à vida, e a todos que me acompanharam durante essa jornada.


Na próxima postagem faço questão de responder a todos os comentários que todos os amigos fizeram no blog durante a viagem, que sem esse carinho tudo seria mais difícil.


A noção de tempo é algo extraordinário, agora enquanto escrevo essas palavras parece que a ascese faz parte de um passado já distante, tal a força do presente em nossas vidas.


O próximo passo é organizar essas memórias num livro, acrescentar novas fotos, estatísticas, pensamentos e reflexões.


Vou ficando por aqui. Um beijo a todos e a minha gratidão. Não se esqueçam de mim. Jamais me esquecerei de vocês.


Até um dia numa próxima, quem sabe.

domingo, 31 de janeiro de 2010

30 e 31 de janeiro - Notícias Rápidas

Consegui sair de Foz do Iguaçú e segui para Maringá onde dormi. Tenho muito que agradecer a Foz e ao pessoal de lá, o que farei com mais detalhes numa próxima postagem. A moto veio muito bem. Estou saindo agora para Sertãozinho onde dormirei e aproveitarei para estar com o Milani e a Marluz. No dia seguinte 01/02 sigo para casa.

Beijos a todos. Minha gratidão. Não se esqueçam de mim.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

27, 28 e 29 Perspectiva de Final Digno

27/28 e 29 de janeiro



27/01/2010

Perder-se na linguagem da vida pode significar achar-se. Saí de Villa Ángela (espanhol com um acento fortíssimo, algo como Vija Ranrela) cedo para os meus padrões, 8,30 da manhã, tinha a intenção de tocar direto até Foz do Iguaçu. Logo após retornar os quase 100 km para pegar a Ruta 12 que me levaria ao Brasil, senti a moto balançar um pouco, pensei com os meus botões que podiam ser os frisos do asfalto. Alguns quilômetros depois a poderosa começou a dançar e fazer um barulho horrível de metal e borracha rangendo, até parecia um choro. Vocês não são capazes de adivinhar o que aconteceu, o céu a princípio claro trouxe nuvens escuras e com elas a chuva. Nesse momento já vinha pela estrada a uns 20 km por hora. Me abriguei na casa de um lavrador na beira da estrada e 15 minutos depois a chuva passou. Continuei devagar até um lugar chamado Itabaté (Pedra Alta em Guarani). Lá perguntei por um mecânico sobre o qual haviam me informado (Não havia outra solução já que estava a 600 km de Foz). Como não encontrei fui para um Hotel chamado Pedra Alta, especializado em pesca, uma vez que a cidade esta “ubicada” às margens do Rio Paraná e tem sua economia baseada nessa atividade.

No hotel fui recebido pelo dono Coco e sua esposa. Dono ligou para o mecânico que ficou de aparecer as 8:30 e só acabou por chegar às 11 horas da noite. Atraso bem alvissareiro, vocês não acham? Bem, levei a moto para a oficina do cara que se dispôs a trocar o rolamento da roda traseira. Resumindo a história o Argentino, muy amigo, como vocês verão a seguir me devolveu a moto no dia seguinte lá pelas 12:30 o que me permitiu sair em direção a Foz lá pelas 13 horas. O “mecânico” literalmente me esfaqueou, me cobrou alguma coisa em torno de R$ 700,00 pelo “reparo”.


Hotel em Itabaté


Rio Paraná

28/01/2010

Continuei viagem, mas sentia que a moto não rendia bem e vibrava um pouco. Apesar disso a viagem rendeu bastante bem até que......Quando faltavam aproximadamente 30 km para chegar em Foz, já noite, a moto dançou violentamente e começou a chorar de novo. Aos trancos e barrancos toquei em frente a 20 km por hora até encontrar um posto da polícia Argentina. Os policiais foram muito amáveis e como não havia outra solução deixei a moto aos cuidados dos guardas e fui de táxi, que eles chamaram para mim para Foz do Iguaçu, onde o meu celular falaria.


Com os policiais Argentinos

 A propósito, a primeira coisa que farei quando chegar a Belo Horizonte será trocar de operadora, foi a segunda viagem internacional que a VIVO me deixou na mão com o roaming.

O táxi não ficou caro, algo em torno de R$ 50,00 e me deixou num hotel razoável, mas barato, onde estou agora.

Do hotel liguei para o seguro para ver se havia jeito de “guinchar” a poderosa do posto policial até Foz, não houve. Dormi muito mal a noite, ou melhor quase não dormi. Estava triste e abatido imaginado que essa quase epopéia iria terminar de forma melancólica, com a poderosa seguindo de caminhão para BH e eu de avião, fora os gastos que isso acarretaria, algo em torno de R$ 4000,00.

Afinal porque iniciei a narrativa dizendo que perder-se pode significar achar-se?

Pensem comigo, se não tivesse me perdido a moto teria se estragado a 500 km de Foz do Iguaçú e, o que é pior a noite. Apesar dos pesares consegui chegar muito perto com segurança.

29/01/2010

Acordei cedo, bastante sonado pela noite mal dormida, e liguei novamente parra o seguro. A solução seria eu pagar um guincho do meu bolso para trazer a moto do posto policial até a fronteira, de lá eles providenciariam outro parra levar até a cidade. Quando entrei no táxi, lembrei que perguntara a uns motoqueiros na cidade sobre algum mecânico que trabalhasse com motos grandes, ele me indicaram um lugar, resolvi tentar, e fui de táxi até o lugar, o cara não podia me socorrer, estava sem caminhonete e me indicou outro, fui até lá e o sujeito não podia fazer nada, uma vez que estava com a oficina lotada, mas me indicou a revenda Suzuki aqui da cidade. Nesse meio termo liguei para a HD em Belo Horizonte e o Roberto me tranqüilizou em relação a garantia da moto, não a perderia. Renovaram-se as esperanças e apareceu a luz no fim do túnel. A Daytona Motos apesar de ser uma revenda Suzuki tem uma oficina multi-marcas e estão habituados a trabalhar com “poderosas”. Fui recebido com muita presteza e amabiliddade pelo Misael e pelo Marcos, que imediatamente disponibilizaram um veículo da empresa, no qual seguimos para buscar a poderosa. Como sempre, mesmo com defeito a moto causa muita curiosidade e admiração, da mesma forma que na noite anterior, perguntaram muito e tiraram fotos. O pessoal da Daytona ficou de me entregar a moto amanhã cedo, pronta. Espero que possa seguir viagem para terminar essa ascese de forma honrosa.

Tudo resolvido, lá pelo meio dia almocei num self-service de um super-mercado na esquina do hotel e comi feijão pela primeira vez depois de quase trinta dias. Depois do almoço segui de táxi para Ciudad Del Leste, mais para fazer um passeio socrático do que para compras em si. O calor aqui na região está infernal, quase atingindo os 40 graus, agora imaginem com esse calor no meio do mercado persa misturado com camelódromo que é a área de compras de Ciudad Del Leste.

Fiquei por lá até lá pelas 15:30 e não agüentei mais de calor e de irritação com o lugar, voltei para o hotel para uma merecida ciesta, após a qual iniciei esse relato.

Estou muito esperançoso de que possa partir amanhã para dar um final digno a essa ascese. Meu carinho e minha gratidão a todos, não se esqueçam de mim!

Ps: Cássia, não poderei estar presente ao seu bota-fora no Varandão do Bola, mas você sabe que desejo a você toda a sorte, sucesso e felicidade do mundo. Estarei sempre torcendo por você. Que te vaias bien!

Ps1: Jujú, procurei seus joguinhos aqui Happy City e Era do Gelo 3, mas não encontrei nada. Um beijão do tio.

28 e 29 de janeiro - Más notícias!

Estou em Foz do Iguaçu. A poderosa quebrou o rolamento da roda traseira. Até o momento parece que viagem termina aqui. Muito provavelmente devo voltar de avião e a poderosa de caminhão. Amanhã terei mais detalhes. Por enquanto fica o suspense...rsss.

Ps: Moisés, meu abraço e minha compaixão pelo momento que voC~e está vivendo. Tentei de ligar hoje mas não consegui. Um beijo.

Por enaquanto fico por aqui, ainda há muito mais a contar, afinal vivências são vivências. MInha gratidão. Não se esqueçam de mim.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

26 de Janeiro - Perdido com grilos

26/01/2010

Salta é uma cidade muito bonita e movimenntada. Apesar disso decidi nnão ficar mais um dia e saí hoje para dormir numa cidade chama Pres. Saens Peña a uns 700 km de Salta. Viagem tranquila, normal, até monótona. Alguns trechos com buracos maas nada preocupantte. Saí de Salta às 11:30 e cheguei em Saens Peña as 19 horas. Como havia luz do dia, me sentia bem e descansado e faltavam uns 180 km até corrientes, resolví continuar. Bom foi aí que o bicho pegou...rsss, peguei alguma estrada errada e depois de andar 90 km ví que estava no caminho errado e começava a anoitecer. Quando me dei conta do erro, estava perto de um lugarr chamado Villa Angela. Lugar simpático, com um hotel confortável e, milhares de grilos...(o inseto). Perguntei por aqui a razão da invasão do "Langusta" como chamam o grilo por aqui.
Agora estou tomando uma Stela Artois de 1 litro e vou comer um Lomo com Champinhos e papas fritas, porque lo mereço. Mañana saio temprano directo a Foz do Iguaçú. Corrientes 348, rsss, fica para outra vez.

Beijos a todos próxima postagem vou tentar reponder com o carinho devido a todos os comentários. Minha Gratidão. Não se esqueçam de mim.

sábado, 23 de janeiro de 2010

22,23,24 e 25 de janeiro - Complemento - O Desafio da Montanha

22,23,24 e 25 de Janeiro – O Desafio da Montanha22/01/2010


INTRODUÇÃO A GUIZA DE ATUALIZAÇÃO

Como prometido estou atualizando a última postagem. Essa atualização merece uma introdução, uma vez que será feita em capítulos conforme os dias cronológicos e mais do que isso conforme as sensações e sentimentos que agora me invadem.

Estou numa cidade chamada Purmamarca a 60 km de Jujuy (Argentina). Como você puderam notar, não consegui chegar a Salta, hoje, como pretendia, mas esta é uma história para o final da postagem, sejam pacientes.

Já há algum tempo uma imagem e uma fala de um filme com Anthony Hopkins, no qual ele faz o papel de um antropólogo que foi adotado por uma família de gorilas o qual não me lembro o nome agora, me persegue. Referindo-se à família de gorilas e mais especialmente à relação entre a mãe e o filhote ele diz que o bebê estava o tempo todo protegido, atendido e que a dedicação da mãe ao filhote era enternecedora. O que isso tem a ver com a viagem e como me sinto? Bem, é exatamente assim que me sinto em relação à vida, o tempo todo protegido, atendido nas minhas necessidades, e uma sensação de presença plena e constante da vida nos meus caminhos. É impossível se sentir só, abandonado ou mesmo triste.

Neste momento estou tomado de profunda alegria e gratidão, algo absolutamente inexplicável em palavras. Uma emoção que emana do mais profundo do meu íntimo, quase me leva às lagrimas. Lágrimas de gratidão, de bem-estar e quase plenitude.

O tentar reportar a viagem por meio desse blog pode algumas vezes ser frustrante, tal a profusão de sentimentos, emoções e percepções que vivencio, quando acabo de escrever tenho a sensação de que não consegui passar nem 10% das minhas vivências.



El Lycancabur





Atendendo a pedidos vou me reportar à comunicação em Marte. Comunica-se aqui em todas a línguas conhecidas, Espanhol, Inglês, Alemão, Francês e, pasmem também em Português. Não se pode distinguir entre marcianos e abduzidos. Acredito mesmo que materialmente os marcianos não habitam mais comunicar conosco o fazem via intuição.


Valeu a pena ter vindo até aqui, tem sido o ponto alto de toda a viagem. Os lugares são incríveis e absolutamente impossíveis de se descrever. Me impressionou muito o silêncio do deserto, a sensação de distanciamento e paz é ainda mais forte do que tem sido até agora, só comparável aos momentos de plenos de estrada.


Estranho, senti solidão quando mais estava rodeado de gente, de fato me fez muita falta sentir- me amado.


Seguindo o programado saímos cedo para a Laguna Cejar, local onde os flamingos e outros passaros nidificam. Todo local é criteriosamente protegido e bem vigiado. De lá partimos para mais duas lagunas Miscanti e Miñiques. Todas essas lagunas são formadas por infiltração subterrânea. Os Andes são uma visão sempre presente onde quer que estejamos. Esses locais estão a aproximadamente 4.000 m de altura, embora tenha sentido muito pouco os efeitos da altitude.







 O magnífico e impressionante vulcão Licantur é uma visão onipresente e poderosa, o guardião de Pachamama.
















Retornamos à cidade quase na hora de pegar o segundo turno para a Laguna di Piedras e para os Ojos.






















A laguna tem uma alto grau de salinidade, portanto não se afunda de jeito nenhum “flota-se”. Isso reforçou a impressão de estar em descritos na bíblia e connsequentemente o mar morto. De lá seguimos para o “Ojos” que são buracos perfeitamente redondos, no meio do deserto, cheios de água doce. Foi um mergulhos sensacional apesar da água gelada. Tirei todo o sal do corpo. Dizem que los Ojos são formados pela queda de meteoritos.

Seguimos para o Salar do Atacama para esperar o por do sol, quando foi servido um coquetel com direito ao Pisco Sauer. A visão do pai Licantur (vulcão que divide o Chile e a Bolívia, mais uma vez atraía como ímã. Agora entendo a obceção do alpinistas e a atração das montanhas. A alma fica marcada pela presença do Licantur.














Conheci muita gente durante o passeio como turista tradicional de excursão, um casal de franceses, jovens espanhóis que estavam estudando em Salvador, mas a maior empatia aconteceu com um casal de Taiwaneses e seu amigo descendente de japoneses. Todos os três são professores universitários em São Paulo. Gente muito simples, simpáticas e muito agradáveis, foi um depósito na minha poupança. São eles Chia (professora de línguas, chinês e português), Márcio seu marido e Gilberto um amigo, pessoas encantadoras.



A turma da manhã


23/01/2010


Desisti de ir à excursão da madrugada aos Geisers, estava muito cansado e, principalmente começou a me incomodar a sensação de fazer as coisas por obrigação. Além disso a partida estava marcada para as 4 da matina. Preferi dormir até mais tarde, comprar todos os recuerdos de viagem que deixei para comprar aqui e caminhar sem pressa pela cidade. Queria, também ver se conseguia atualizar o blog, estava sentindo falta de compartilhar meus sentimentos e impressões.



Praça central de San Pedro




Idem



Idem


Almocei com os paulistas. Chia é uma pessoa especialmente encantadora, com seu leve sotaque chinês e um espanhol horrível rsss. Muito interessante a diferença de culturas, sou naturalmente gentil com as mulheres e ela por formação cultural tem um profundo respeito pelos mais velhos, os quais têm privilégios, resultado tive que assumir os “privilégios” de ser mais velho.


Agora as 16 horas saio para mais uma excursão. Devemos atravessar um novo portal que nos levará ao Vale de La Luna.
























Saída da caverna de sal



















Montanha onde os abduzidos são deixados pasmos




Beijos a todos. Minha gratidão pelas mensagens. Não se esqueçam de mim.

Ps: farei questão de responder a todas os comentários numa postagem especial.

E antes que eu me esqueça: Carlão, vai cagar sua bichona!

Vamos continuar de onde parei na última postagem, estou escrevendo no Word para postar depois, uma vez que devido a “CHUVA”, pois é choveu no deserto, como vocês verão mais tarde, o sinal da internet está interrompido.







24/01/2010


NAS PROFUNDEZAS DO PLANETA


A decisão de não fazer a excursão da manhã se mostrou acertada, além de poder fazer minhas compras de recuerdos com calma, pude caminhar tranquilamente pela cidade. O que me aguardava a tarde foi de tirar o fôlego.


Quanto mais caminho em direção às profundezas dos planetas (Marte e Lua) mais acredito que esse é um pedaço especial do mundo. Valeu a pena ter vindo até aqui, uma vez que San Pedro do Atacama como portal do Lican-Antay (Terra Atacameña ou Terra do Povo) na língua marciana era o ponto alto do meu planejamento.


Enquanto passeava pelos extraordinários Vale de La Luna, Vale de La Muerte e via o por do sol de cima da montanha um pensamento de algo que li em algum lugar, não sei onde com as seguintes recomendações para os viventes que se aproximavam de um determinado portal me veio a mente:


Vivente, ao passar por este portal, deixe aqui todas as suas ilusões, crenças, medos, preocupações e preconceitos. Abra a alma e o espírito para todas as coisas que você vai ver e viver. Só assim você poderá ser modificado e purificado. Caso contrário, o portal não se abrirá, e você vivente não será capaz de ver, de ouvir e de sentir o coração da vida e passará pela terra sem tê-la sentido ou vivido.


As imagens falam mais do que eu poderia exprimir como vocês verão e todo o tempo o onipresente Lickancanbur (Montanha do povo) me observava e me atraia de forma impressionante.


25/01/2010


CONTRA-TEMPOS E O DESAFIO DA MONTANHA


Havia me preparado para deixar o Atacama, por volta do meio dia, para evitar a fila na duana. Daria tempo mais do que suficiente para cobrir os 500 km até salta.


De San Pedro até o próximo posto eram 272 km, portanto comprei um galão de 5 litros de água para colocar gasolina extra antes de sair. Aí começou toda uma verdadeira comédia, se não fosse um teste à minha paciência.


Um mau encarado e mau humorado frentista do único posto daqui não aceitou o galão de água e disse que era preciso comprar um “bidom” galão apropriado, mais resistente, depois de rodar pela cidade atrás do tal “bidom”, finalmente uma alma generosa de uma ferreteria (loja de materiais de construção) me cedeu um no qual ela colocava água. De volta ao posto abasteci o galão com 4,5 de gasolina extra e segui para a duana para os trâmites de saída do país, o que aconteceu sem maiores problemas.


O caminho para a Argentina passa necessariamente pelo “Passo Jama” que vai margeando o Lickancabur e a estrada se eleva até os 4.000 m de altitude. Senti muito frio e parei para colocar roupas mais apropriadas, quando me dei conta que tal bidom com gasolina havia sumido, deve ter caído pela estrada. Nessa altura já havia rodado uns 50 km e não havia como voltar. O jeito foi continuar em frente e contar com a autonomia da poderosa. Por sorte logo depois da duana Argentina a aproximadamente 160 km de San Pedro, inauguraram um novo posto da YTF, muito bom, com uma boa lanchonete.


AVISO AOS NAVEGANTES:


OS VIVENTES QUE NO FUTURO PRETENDAM SE AVENTURAR DE MOTO POR ESTAS BANDAS DEVEM SABER QUE NÃO HÁ MAIS NECESSIDADE DE GASOLINA EXTRA! O POSTO DA YTF LOGO DEPOIS DA DUANA ARGENTINA É EXCELENTE!


Com toda a confusão de compra de gasolina extra me atrasei muito e cheguei a Susques, na Argentina lá pelas 18 horas. Faltavam 200 km até Jujuy e resolvi continuar. Pensei com os meus botões com essas estradas daqui faço o trajeto fácil até as 20:00 horas, ledo engano, aí começa o desafio da montanha.


O DESAFIO DAS MONTANHAS


A estrada que leva a Jujuy passa por duas montanhas, nas quais a pista se eleva a mais de 4.500 m de altura. Na primeira tudo bem, parecia mais uma montanha russa, mas estava de dia e seco. Já na segunda que se chama, adivinhem, “Lickan” o bicho pegou. Antes mesmo de chegar lá uma chuva distante que havia visto ao longe me pegou, acentuando o frio que já sentia. Parei para colocar o terceiro casado e me informaram que havia a tal Lickan pela frente, quase 50 km de estrada pela montanha, chegando aos 4.200 m de altura.


Descobri que além de portal de entrada para o mundo mágico de Lickan-Antay há também um teste de saída, como se a montanha quisesse testar o nosso aprendizado. Enfrentei o desafio da montanha de noite, com chuva e com frio.


O estranho é que em nenhum momento senti medo, raiva ou coisa parecida, minha atenção se concentrou totalmente nas inumeráveis curvas de subida e de descida. Quanto mais subia, mais o frio aumentava, mas estava confortável. Foi necessária extrema cautela, porque em alguns trechos havia terra na pista que com a água da chuva se tornaram mais traiçoeiros ainda. Em nenhum momento me impacientei e nem deixei de perseverar, na absoluta certeza que tudo correria bem, como de fato correu. Gastei quase duas horas para passar pelo teste do Lickan, mas valeu a pena, logo abaixo havia uma cidade, na qual me encontro (PURMAMARCA) e onde encontrei um hotel muito confortável, muito bom para falar a verdade. Além disso, o sentimento de vitória, não sobre a montanha especificamente, uma vez que não a vencemos nunca, conquistamos sua permissão de passagem, mas a vitória sobre mim mesmo, a descoberta da capacidade de passar por momentos delicados, podendo conservar a confiança e a coragem, sempre protegido e cuidado pela vida.


Ainda agora quando escrevo esse relato não posso deixar de me emocionar e de sentir essa enorme gratidão que não cabe no meu peito. GRACIAS A LA VIDA QUE ME HÁ DADO TANTO.




Vou ficando por aqui Viventes, uma vez que esta postagem, quando acrescida das fotos deverá ficar com umas dez páginas ( E olhe que não são nem 10% do que vivi e senti). Um beijo a todos, minha gratidão. Não se esqueçam de mim.

Escreví o complemento ontem e estou postando de Salta hoje.

Ps: Demorou muito para baixar as fotos. Ainda há mais, mas fica parra uma próxima postagem.

Ps1: Pesei hoje e emagreci 5 kg na viagem.






quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

20 e 21 de Janeiro Notícias de Marte!

Sai de La Serena por volta de 9:00 horas e segui rumo a Antofagasta (922 Km). A paisagem da estrada é muito bonita. Vim margeando o pacífico durante boa parte do trajeto, rochas de um lado e o mar do outro. Aqui e ali ao longo da estrada surgiam “balneários”, casinhas de madeira pregadas na areia.



Depois de algum tempo, não sei exatamente o que se passou, de repente, como se eu tivesse cruzado um portal, na verdade cruzei, tudo se “cambio”. Havia sido abduzido e estava em marte, entrara na zona do Atacama.


Uma total mudança espaço-temporal, tanto que fiz os 922 km até Antofagasta em aproximadamente 10:30 minutos. ( Como podem perceber o tempo ficou louco, o que houve com as outras 2 horas necessária para chegar no lugar?)



Paisagem Marciana


Antofagasta é uma cidade muito interessante, assim como um passe de mágica surge no meio do deserto uma cidade-balneário de 250 mil almas. Para mim é a cidade de praia mais bonita do Chile.


Como não sou de ferro e a experiência da “abdução” me deixou meio fora do ar e resolvi ficar num bom hotel a beira mar, com direito a varanda e tudo o mais.



O Pacífico da janela do Hotel



Vista de frente do Hotel



21/01/2010


A região do Atacama é como a nossa Minas, são mineradoras a perder de vista, porém no deserto.


Como de Antofagasta a San Pedro é um “tirim”, 320 km, dormi até mais tarde e saí lá pelo meio dia. A temperatura na estrada estava muito agradável, como o casaco de verão sentia o vento quente no corpo sem nenhum desconforto.


Quanto mais me aprofundava no interior de Marte, mais notava a mudança espaço-temporal. As paisagens são de tirar o fôlego e já teria valido a pena vir até aqui somente para estar no meio dos altiplanos marcianos como as montanhas ao fundo, mais uma vez a comunhão com a vida era plena.



A caminho de San Pedro ( Com essas "estradinhas" não admira que se viaje rápido)


A estrada que leva a San Pedro, ruta 23 é um espetáculo à parte. Do alto pude avistar um espécie de oásis no meio do deserto e algumas casinhas.




Paisagem do interior de Marte


Outra vista




E mais outra


Quando cheguei à cidade, melhor dizer povoado, não acreditei, viajara tanto (6.500 km) para chegar nisso aqui. Não se assustem essa foi a primeira impressão. O não há como descrever isso aqui, ao mesmo tempo, rústico, mágico e internacional, gente do mundo inteiro.


Como as casas são baixas e de barro, amarronzadas, procurei um hotel, tiveram a coragem de me cobrar 200 US$ por uma noite, apesar de estar ficando um pouquinho mais louco com a abdução, claro que procurei outro.


Logo mais a frente entrei num lugar chamado “Cocheras”, pensei comigo mesmo, o jeito é ficar na cocheira, RSS. O lugar é simples e ao mesmo tempo encantador, com preço bastante justo (40.000 PCH a diária), e o melhor a poderosa, como diz o André está quase dentro da cocheira como vocês podem ver pela foto. Fui recebido por uma peruana chamada Ana que trabalha aqui, uma pessoa muito simpática. Pela simplicidade do lugar não acreditava que houvesse wi fi e num é que tinha.



A poderosa na cocheira




Interior da cocheira (detalhe não tem ar condicionado nem ventilador, e nem precisa, a noite esfria)


O povoado ferve de gente. Depois que me alojei e tomei um banho e fui comer, comi muito bem. Depois fui procurar uma agência de turismo local e fechei um pacote de 2 dias, afinal não é todo o dia que se é abduzido e se tem a oportunidade de estar em Marte.



A broduai daqui que se chama caracoles





Agora vou virar turista tradicional, o programa é o seguinte:


Dia 22/01


Das 6:OO às 14:00 horas, Lagunas Altiplanicas, com direito a almoço


Das16:00 às 21:30 horas, Laguna Cejas, com direito a banho de lago.


Dia 23/01


De 4:00 a 12 horas, Geysers


De 16:00 a 20:30, Vale de La Luna.


Com o isso fico por aqui dois dias mais e parto no dia 24/01. Foi esse o combinado com os Marcianos, que prometeram me abrir o portal de saída lá pelas 12:00 horas do dia 24:00 (Não quero enfrentar outra fila de duana)


Bem vou ficando por, me foi permitido pelos meus abdutores enviar essas notícias de Marte (rssss). Não se esqueçam de mim! Beijos a todos!